A Federação Internacional de Judô divulgou, em dezembro passado, uma série de mudanças experimentais nas regras do esporte para o próximo ciclo olímpico. Regras essas, que foram colocadas em prática desde janeiro e permanecerão até setembro, num período que engloba, inclusive, o Mundial Rio 2013, para depois serem homologadas ou não pela FIJ.
“A despeito de as alterações ainda estarem em fase de teste – elas serão homologadas ou não após a avaliação que a FIJ realizará após o Mundial do Rio -, eu apoio totalmente. Pois, creio que as novas propostas favorecem ao judô técnico, de mais eficácia e de acordo com os princípios e fundamentos preconizados desde a sua origem, escola da qual o judô do Brasil faz parte. Estamos falando das regras de competição e não da pesagem no dia anterior, que é uma questão técnica e que envolve aspectos mais polêmicos e, sobre o qual, ainda não há um consenso sobre se é melhor ou pior”, analisou o presidente da CBJ, Paulo Wanderley Teixeira.
A treinadora da seleção brasileira feminina, Rosicleia Campos aprovou a mudança.
“Estou gostando bastante das novas regras. Acredito que, embora estas regras estejam se mostrando compatíveis com o estilo do judô brasileiro, precisamos nos aprimorar especialmente na questão do Shido, pois ainda estamos sofrendo punições de forma muito rápida. Essa velocidade tem a ver, também, com os diferentes tipos de arbitragem. Na Europa, os árbitros demoram mais para marcar o Shido; já nos outros continentes, marca-se mais rápido. Outra mudança que também tenho aprovado é a da pesagem. Acho que estamos nos dando bem com ela. Creio que após o Mundial a FIJ irá homologar as regras”, disse a treinadora da seleção brasileira feminina, Rosicleia Campos.
As mudanças consistem em:
- Apenas um árbitro ficará dentro da área de combate, enquanto que outros dois ficarão observando o vídeo replay e, apenas em casos que julgarem extremamente necessário, se comunicarão com o árbitro central por meio de um rádio transmissor.
- Serão consideradas Ippon apenas as técnicas que caracterizarem um impacto real das costas do atleta contra o chão. Além disso, qualquer queda na “posição da ponte” será considerada Ippon.
- O primeiro Shido já será considerado punição. Se um atleta for punido pela quarta vez, sofrerá o Hansoku-make (desclassificação). No entanto, Shido passa a não render pontuação. Se uma luta terminar empatada, o vencedor será o atleta que acumulou menos shidos.
- A penalização com o Shido será realizada nos seguintes casos:
- o atleta ficar abaixado, com a cabeça para baixo.
- um atleta tiver duas pegadas (uma no colar e a outra na lapela) e estiver bloqueando e/ou empurrando para baixo.
- a pegada com duas mãos for feita em no máximo 10 segundo após o hajime.
- pegada cruzada deverá ser seguida por ataque imediato. A mesma regra que para a pegada na faixa.
- A penalização com Hansoku-make será aplicada em qualquer caso de pegada sob a cintura.
- O Osaekomi (imobilização) poderá continuar fora da área de combate, contanto que tenha se iniciado dentro. Após 10 segundos de Osaekomi, será marcado um Yuko, após 15 segundos, um Waza-ari e, após 20 segundos, o Ippon. Já as técnicas Kansetsu-waza e Shime-waza iniciadas dentro da área de combate e aceitas pelo árbitro como efetivas, também poderão ser mantidas ainda que os atletas deixem área.
- O Kansetsu-waza passa a ser permitido para a categoria Sub 18.
- Referente ao cumprimento: os lutadores não deverão tocar as mãos um do outro antes do início da luta.
- O Golden Score passa a não ter mais limite de tempo, indo até que um dos atletas consiga uma pontuação ou receba um shido. Portanto, o Hantei (a decisão por bandeiras) passa a não mais existir.
- A pesagem dos atletas será agendada no dia anterior à competição. Outra pesagem será efetuada na manhã da competição, durante o controle dos quimonos, antes da primeira luta. Esta medida tem a intenção de avaliar o impacto desta nova decisão no peso dos atletas durante a competição. Se os dados recolhidos precisarem de experimentação adicional, ela continuará.
Após o período de testes, que se encerra em setembro, a FIJ irá decidir se homologa ou não as mudanças promovidas.